História
Nada com o tempo se perde, tudo se transforma.
Mas são os sonhos de pessoas extraordinárias que impulsionam grandes transições. Portanto é preciso honrá-las e resgatar sua memória. Esse foi o propósito da Hoepcke Empreendimentos ao restaurar e devolver à Florianópolis galpões industriais centenários que têm tantas recordações para contar.
Brincar com o espaço-tempo, de modo que futuro e passado se revelem nesse lugar de convívio. Tanto para manezinhos - que podem revisitar a própria história e cultura, quanto para turistas e novos moradores dessa cidade, desde sempre tão acolhedora.
O Armazém Rita Maria ocupa hoje o espaço de um complexo industrial de dois mil metros quadrados, no coração da cidade, construído por Carl Hoepcke (1844-1924), imigrante alemão que aos 19 anos desembarcou no Brasil para viver, trabalhar e cuidar de sua família.
Annita Hoepcke da Silva (1937-2021)
Carl Hoepcke foi o precursor do processo de industrialização de Santa Catarina, ao fim do século 19. Tempo em que reinavam o espírito de trabalho, a esperança e o progresso. Iniciou sua jornada como contador na casa comercial de seu tio Ferdinand Hackradt, que já estava estabelecido em Desterro desde 1857. Entretanto, por ter uma visão de negócios mais arrojada e destemida, Carl logo passou a liderar a expansão dos negócios da família, começando uma próspera trajetória nos setores da indústria e comércio. Em poucos anos, já com um nome muito respeitado em Florianópolis, fundou a Empresa Nacional de Navegação Hoepcke (1895).
No ano seguinte, o visionário construiu a segunda indústria de pregos do Brasil, intitulada Fábrica de Pontas de Paris Rita Maria, fazendo referência ao nome do bairro que escolheu para estabelecer parte de seus negócios. Rita Maria era o local ideal por razões econômicas; uma região pouco valorizada à época, mas onde se encontravam as melhores condições de atracamento de embarcações de baixo calado por conta do nível do mar.
A partir daí, começa a ampliar paulatinamente seus negócios; os armazéns onde eram armazenadas as cargas da Empresa Nacional de Navegação Hoepcke, a fábrica de gelo e fábrica de pregos. Tudo onde é hoje o Armazém Rita Maria.
Annita Hoepcke da Silva (1937-2021)
Patrimônio Histórico do Município
Para a importante empreitada de revitalização dos galpões, a Hoepcke Empreendimentos formou uma equipe multidisciplinar composta por engenheiros, arquitetos, urbanistas, restauradores, paisagistas e outros profissionais. Tudo foi minuciosamente planejado por esse time de especialistas com competências singulares e complementares. O objetivo era que o complexo de dois mil metros quadrados fosse capaz de resgatar memórias, mas também se tornasse solo fértil para novos sonhos.
Ao longo do processo de restauro, cada camada de reboco retirada revelou histórias que a própria estrutura dos prédios conta. Os maiores desafios foram a recuperação de peças de madeira já deterioradas pelo tempo e montá-las com as mesmas tipologias de arquitetura da época colonial. “Um dos galpões possuía um forro rebaixado que, ao retirarmos, nos apresentou uma surpresa incrível: uma estrutura metálica trazida no fim do século 19 de Glasgow, Escócia, e montada nesse lugar onde existia uma igreja”, conta Jonathan Carvalho, arquiteto restaurador.
A intenção do projeto arquitetônico, segundo Jonathan, era trazer a ambientação histórica dessas construções para um lugar contemporâneo. Por isso, além de tijolos e estruturas industriais expostas, o Instituto Carl Hoepcke garimpou objetos para criar uma expografia em todas as passagens entre os galpões, contando um pouco da história das empresas, da família e do funcionamento de cada um dos espaços.
Um dos objetos recuperados foi o leme do navio Carl Hoepcke. O mais importante dos navios da frota da Empresa Nacional de Navegação Hoepcke propiciou, entre os anos de 1927 e 1960, a forma mais glamurosa de viajar e a união entre Florianópolis e o resto do Brasil.
A chegada do navio Carl Hoepcke no cais Rita Maria era sempre uma festa. Bandas de música recepcionavam passageiros e curiosos que lá ficavam aguardando a chegada do transatlântico mais famoso do sul do Brasil. As pessoas vestiam seus melhores trajes para receber os viajantes, tripulantes, encomendas e novidades.
Com três metros de altura e forjado em aço maciço, o leme pesa aproximadamente duas toneladas. Resgatado e completamente restaurado, hoje figura em frente ao Armazém Rita Maria - um local emblemático para o navio.
Trilhos de vagonetes que realizavam a movimentação das cargas entre os navios, o cofre de uma das empresas, hélices e pás de embarcações centenárias, um guindaste, postes de atracação e até um portão que dava acesso aos escritórios e oficinas do Estaleiro Arataca são algumas das outras peças expostas por toda a extensão do complexo multiuso.
Uma verdadeira viagem no tempo em um espaço moderno e confortável, pensado para pessoas, famílias, pets e seus encontros.